FONTE: REVISTA VIVAMAIS!
PADRE JUAREZ DE CASTRO
Quando vemos uma atitude grotesca ou uma ação violenta que venha a nos chocar, prontamente dizemos tratar-se de uma barbaridade. Essa palavra vem do termo “bárbaro”, que é geralmente usado para se referir a pessoas ou grupos não civilizados. Chamamos de bárbaros aqueles que não tiveram contato com algumas regras básicas da convivência. Na verdade, a expressão deixou de ser um preconceito em relação a outros povos e passou a significar não civilizado, brutal ou cruel.
Na Europa pré-cristã, onde o Evangelho não havia chegado ainda, o povo vivia numa espécie de “não-lei”, ou melhor, uma lei do mais forte. Para eles, fazer justiça era o mesmo que se vingar, com a mesma crueldade. É claro que isso significava ódio gerando ódio. Isso só começa a mudar com a presença da Igreja que, a partir do Evangelho, transforma as relações humanas, que passam a ser fundamentadas no perdão e na misericórdia. Desde então, costumamos dizer que a sociedade aprendeu a respeitar o outro quando o Evangelho passou a ser a base da convivência humana.
Hoje abrimos os jornais e ficamos estarrecidos, pois dentistas são queimados vivos em seus consultórios, pessoas matam outras porque o barulho do salto do sapato as incomodava… Parece que todos saem de casa vendo o outro como inimigo. Opa, estamos vivendo no tempo dos bárbaros.
Permita-me fazer algumas constatações: antes do Evangelho, as pessoas viviam numa espécie de guerra, buscando dominar o outro sem reconhecer seus direitos. A presença da Palavra de Deus norteou o povo e incutiu a noção de direito e civilidade, fazendo-o viver, ou pelo menos buscar, a misericórdia e o perdão. Hoje estamos vivendo como “bárbaros” e nos matando por qualquer coisa. Ora, só posso concluir que há alguma coisa faltando nas nossas relações e eu não tenho medo de dizer que o que falta é a presença de Deus.
O Evangelho nos orienta e nos coloca no rumo certo a partir de parâmetros éticos e religiosos que nos fazem enxergar o outro como irmão que deve ser respeitado. A religião me conduz para que eu veja o outro como imagem e semelhança do próprio Deus e, por isso, merecedor de meu respeito e amor. Não será nos manuais de etiqueta que encontraremos a resposta para o fim dos conflitos, mas na mensagem de perdão e misericórdia daquele que na cruz perdoou os seus algozes.
O mundo nos mostra como agir, mas Jesus nos conduz por outra direção. Se o mundo grita ódio, gritaremos mais forte amor. Se o mundo insiste na vingança, não desistiremos do perdão e, se o mundo prega intolerância, reagiremos com misericórdia. Se o mundo sem Deus se perdeu nos descaminhos do ódio, o mundo com Ele chegará ao Céu. Por isso, embora escutemos os absurdos do ódio, tentemos ouvir mais uma vez a voz do Senhor: “Entre vós não deve ser assim”.
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