Biologicamente não existe um ser humano assexuado, e sim o homem e a mulher, cada um com características sexuais próprias. Porém, a sexualidade não envolve somente a dimensão corporal e biológica.
Sabendo que a sexualidade atinge também a dimensão da subjetividade humana, verifica-se que existe uma maneira masculina e feminina de pensar, imaginar, amar, agir, reagir; é o que se pode chamar de desejo sexual.
A menina sente desejo pelo menino e vice-versa; é o desejo heterossexual. Nesse nível, a sexualidade torna-se comportamento, sentimento. Ao tornar-se vivência, a sexualidade humana configura o comportamento pessoal, revelado no modo de se vestir, na maneira como a pessoa age diante do sexo oposto, entre outros. A sexualidade é algo que deve ser integrado na dinâmica geral da pessoa.
A dimensão psicológica, o eros, a esfera do erótico é entendida como a área da atração, do desejo. É por meio dessa dimensão que entramos no âmbito dos sentimentos. É o campo da sensualidade, entendida em seu aspecto positivo. É algo como a irradiação da emoção sexual sobre todo o corpo.
Na dimensão erótica, a linguagem mais comum é a da ternura, que se manifesta na vontade e na necessidade de dar e receber carinho. A sexualidade não permanece localizada exclusivamente nas zonas erógenas, encontra-se no todo do sujeito, como ser corpóreo.
A relação heterossexual (entre homem e mulher) deve ser uma linguagem de amor. Não deve se guiar unicamente pela força do impulso biológico, mas deve ser assumida pela capacidade de amar e de se doar plenamente. Toda relação heterossexual que não consegue alcançar a linguagem humana do amor como expressão e, ao mesmo tempo, realização, acha-se distorcida e, portanto, é descartavel do ponto de vista cristão.
Uma sexualidade que não apresenta a linguagem do amor é falha e compromete a realização do amor. É um comportamento sexual não condizente com a autêntica noção da sexualidade humana. A sexualidade precisa expressar-se pela linguagem do amor, do respeito, do compromisso, da fidelidade e da comunhão plena.
O amor conjugal refere-se a algo já preestabelecido, pois fundamentalmente o homem está destinado à mulher e a mulher ao homem. São seres que se complementam. A sexualidade é a inscrição, na própria carne e em todo ser, de que os indivíduos não foram feitos para viver isolados. É a expressão da linguagem de amor mútuo, por isso mesmo não pode ser considerada simplesmente um instinto fisiológico.
A pessoa se realiza no relacionamento responsável e de amor. Por ser um modo de aproximação do outro, ela pode ajudar a promover o desenvolvimento da personalidade ou bloqueá-lo. Pode, portanto, em alguns casos, criar conflitos em vez de aproximação.
A felicidade é um objeto constantemente buscado pelo homem. Não importa o que ele faça, todas as suas ações estão destinadas ao encontro da felicidade. Para que isso se realize, de fato, o homem precisa enfrentar o desafio de educar a sua sexualidade, encontrar um modo de domínio sobre ela.
A plenitude pessoal alcançada pela sexualidade só pode acontecer na vida matrimonial, pois a sexualidade é a expressão do nosso modo de amar. Por ser algo de tão grande valor e dignidade, a sua desintegração (voltada para a prostituição, estupro, pedofilia) pode ser destruidora.
Padre Mário Marcelo Coelho, SCJ
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