quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Continuação do dossiê da felicidade



Que ótimo!

A esperança nos ajuda a avançar na direção de nossas metas. “Os otimistas são mais bem remunerados, mais saudáveis, vencem mais eleições e vivem mais tempo, além de lidar melhor com a incerteza e a mudança”, afirma Price Pritchett, autor do livro O Otimismo Atrai o Sucesso (ed. Cultrix). Portanto, por mais tentadora que seja aquela vontade de reclamar, livre-se dela. Para o próprio bem. “Ao interpretar as dificuldades como pessoais, permanentes e de longo alcance, os pessimistas mantêm viva sua desgraça”, completa o escritor. Fique atenta: os imprevistos aparecem para todos, mas o modo como se avalia a situação define o jogo. O pessimista vê o obstáculo como algo contra ele. Já o otimista enxerga longe: ele vislumbra a alegria que virá quando o obstáculo for ultrapassado.

Corpo contente

Se, por um lado, sabemos que atividade física regular é fundamental, por outro, ninguém tem que ser escravo da perfeição. Corpo feliz é corpo livre. Para a terapeuta corporal Regina Favre, quando a motivação do exercício é o autoconhecimento, fazemos escolhas melhores. “Encontre atividades que lhe deem prazer e pratique pela alegria de praticar”, sugere a especialista. Vale a pena também alternar modalidades, como esteira + alongamento ou pilates + dança. Com isso, além de despertar novas musculaturas, você aumenta o repertório motor e também a tolerância a ritmos diferentes. “Esse conhecimento será canalizado para outras áreas da vida – sua flexibilidade diante dos desafios aumentará”, diz Regina. E não importa o que você faça, entregue-se. Pratique com atenção plena, como uma meditação ativa. Ninguém precisa se impor recordes. Mas é uma delícia tornar-se a bailarina da própria vida, imprimindo graça e tônus a cada passo.

Aqui e agora

Em suas palestras sobre os benefícios da meditação, o guru gaúcho Satyaprem, discípulo do mestre indiano Osho desde a década de 1980, defende a ideia de que ser feliz é um projeto possível e, para realizá-lo, o caminho é muito simples: seja feliz agora.
Onde mora a felicidade? No presente, no mergulho interior, no encontro com seu verdadeiro eu, que não pode ser confundido com os sentidos, as ideias e as emoções. Não podemos explicá-lo por palavras, mas contemplá- lo no silêncio da meditação.
Pequenas alegrias nos levam até lá? Não, pois as emoções são passageiras. Elas estão presas à experiência sensorial, que pode ser muito positiva, mas sempre acaba. E, quando isso acontece, pulamos para o ponto oposto da balança: sentimos falta, carência, solidão, sofrimento. Mas, se você entra no campo de observação, se aprende a manter a mente no presente, sem se apegar demais às experiências positivas e negativas, deixa de querer controlar tudo. Vive simplesmente, sem julgar tanto o que sente. Isso evita as oscilações.
A felicidade é quente ou fria? Com o que ela se parece? Ao usar os sentidos para tentar decifrá-la, cada um poderá interpretá-la à sua maneira, achar que ela é de veludo azul, por exemplo. Para mim, a felicidade é perceber a dádiva de ser quem sou e estar onde estou e também que existe um milagre inerente à vida. É só prestar atenção.

A coragem de sentir

No livro O Fogo Liberador (ed. Iluminuras), o pensador francês Pierre Lévy aconselha: em vez de tentar fugir da dor, jogue luz sobre ela.
Alguns atalhos para isso:
  • Cultive a sensibilidade
    O único jeito de reconhecer o mal que fazemos ou sentimos e nos tornarmos mais sensíveis. 
     
  • Não mantenha relações tóxicas.
    Desconfie de quem tenta fazê-la duvidar daquilo que você pensa ou sente. 
     
  • Fuja da tentação do ego, tal como se achar mais valorosa porque sofre. O apego à dor e ao papel de vítima é uma forma neurótica de sofrimento. Existe terapia para tratar isso.
     
  • Experimente ser alegre e forte
    De que adianta ser virtuosa e boa se você se sente exausta, aprisionada (inclusive pela ideia de que deve ser boa)?
     
  • Sinta com todo o seu corpo
    O que faz bem a você? Refine sua percepção.
  • Fique atenta ao amor e ao ódio
    Deixe que essas emoções, existentes em você, nos outros e nas relações, tornem-se evidentes; assim, as decisões ficarão claras. Um instante de amor gera ternura de largo alcance; um lampejo de ódio evoca só destruição.
  • Tenha compaixão pela sua dor e pela dos outros 
    Não alimente a tristeza. Deter o sofrimento beneficia a si e a todos ao seu redor. Esse é o caminho da luz
  • Acha que para ser feliz precisa disso ou daquilo?
    Esqueça. A vida acontece agora, no presente.  Agradeça, desfrute do milagre: eis segredo da felicidade.
  • O prazer do sexo

    A sabedoria emocional é um ingrediente essencial para uma noite inesquecível (ou várias!). Esta conversa com a terapeuta Regina Favre vai aumentar a sua.
    Sexo traz felicidade?
    O paradoxo é que ele é fonte de prazer e de sofrimento.
    Quando é bom?
    Quando pode ser vivido como experiência de expressão e partilha. Para isso, é importante compreender a própria história sexual e lembrar que você muda, e que a busca pela satisfação erótica também.
    Tem que ser com amor?
    Nada impede que se pratique sexo por esporte… desde que você aguente! Descobrir o que quer – e distinguir quando dá para juntar ou não sexo e afeto – é sabedoria emocional. Imprescindível para uma vida feliz, inclusive a sexual. 
    Um alerta para quem está na pista
    Atenção à propaganda enganosa. Como hoje se usa sexo para vender qualquer coisa, divulga-se a falsa ideia de que todo mundo está transando muito e tendo mil orgasmos. Isso cria excesso de ansiedade, aquela sensação de que só você está perdendo a festa. Mas sexo não é margarina. Ficar preso a esses apelos de desempenho, quantidade e glamour só atrapalha a felicidade  das pessoas.

    Lá vem o sol

    Uma pesquisa desenvolvida pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade de Toronto, no Canadá, comprovou: quando o tempo de exposição à luz solar é menor, nosso cérebro produz uma proteína que inibe a serotonina, neurotransmissor associado à alegria e ao bem-estar.  A cromoterapeuta Ondina Balzano, do Rio de Janeiro, ensina como combater a melancolia dos dias cinzentos: espalhe gérberas, lírios ou rosas amarelas em casa e no escritório ou pinte uma parede de laranja ou vermelho. O mesmo vale para o figurino, pois é comum usarmos mais preto no inverno. Então, experimente iluminar-se com acessórios como cachecóis, meias e bolsas em tons solares.

    Nova medida de sucesso

    O psiquiatra francês Christophe André, autor do livro Imperfeitos, Livres e Felizes (ed. BestSeller), afirma que a vida é feita de vitórias e derrotas e nenhuma delas é definitiva. Portanto, não podemos medir nossa felicidade com base nesses resultados. O que conta é o que fazemos entre um resultado e outro. Só se sente realizado, diz o médico, quem é fiel a si mesmo. A psicóloga Sâmara Jorge alerta ainda que a ostentação de status não é medida de sucesso: “A felicidade não se resume em buscar a aprovação social a qualquer custo, mas construir referências que tenham consistência genuína para você”.

    Sozinha e descolada

    Anda sem namorado ou sem marido? A vida é assim, e gerações de mulheres antes de nós lutaram para que as relações insatisfatórias pudessem se dissolver, abrindo novas chances para a felicidade. Portanto, depois que uma separação teve o tempo necessário para ser metabolizada, não há por que encarar a solidão como inimiga. Pelo contrário. “Essa é a hora certa para experimentar a alegria da liberdade: viajar, paquerar, conhecer pessoas, fazer cursos”, garante Lana Harari, terapeuta de casal e família, de São Paulo. Essa disposição para o voo-solo cresce à medida que você se vai se entregando a alguns prazeres, como o de passar na livraria e emendar um cinema; perder (ou ganhar?) horas cuidando do jardim ou atracada com seu autor predileto. E, quando um novo pretendente surgir ou os amigos telefonarem, já imaginou quanta coisa interessante você terá para dividir com eles?

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