quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dossiê da felicidade


Adrenalina

Lição de bioquímica

Felicidade é um estado bioquímico e não depende necessariamente de um fato específico, ensina a terapeuta corporal Regina Favre, criadora do Laboratório do Processo Formativo, em São Paulo. “O segredo é transformar a adrenalina – ligada a medo, stress, ansiedade – em endorfina e serotonina, ligadas à sensação de bem-estar.” Para fazer a alquimia, “todas as atividades de contemplação e relaxamento ajudam”, garante Regina. Além das clássicas, como ioga, meditação e tai chi, entram aqui o ócio criativo, os passeios ao ar livre, o desfrute de uma bela paisagem ou de uma obra de arte.

Amizade

Solidários na festa

Quem nunca ficou orgulhoso pela conquista de um amigo ou parente? Ou vibrou ao ver seu time campeão? O sucesso dos outros também é uma ótima inspiração para nossa satisfação pessoal. “Ficamos felizes quando o Brasil ganha ou sofremos quando perde porque o que está em jogo não é mais a identidade individual, mas a coletiva. Nessa situação, deixo de ser eu para me tornar um brasileiro, sendo parte de um inconsciente maior, de uma alegria que é, a um só tempo, minha e de todos”, explica a psicóloga Sâmara Jorge. Quando nos deixamos envolver pela emoção alheia, nos tornamos mais humanos. É importante ser solidário na dor, mas ser solidário na alegria é um bálsamo. Experimente!


Animais - Alegria saltitante

Os animais são uma espécie de alegria móvel e podem amenizar grandes tristezas. Foi o que aconteceu com a psicóloga Kátia Aiello, 45 anos, de São Paulo. Pouco depois de perder a mãe, descobriu que o pai estava com uma doença degenerativa e entrou em depressão. Fez tratamento, tomou remédios, mas nada adiantava. A solução veio por meio da adoção da poodle Scully e da vira-lata Zazá, hoje com 14 e 12 anos. “Minhas cachorras me motivaram a sair de casa, pois precisava levá-las para passear. Ia ao Parque do Ibirapuera todo dia e acabei conhecendo outros donos de cães. Fiz amigos e fui retomando minha vida. Hoje trabalho com terapia assistida por animais”, conta Kátia. Segundo a Delta Society, organização americana que divulga os benefícios da interação homem-animal, o contato com os bichos domésticos ajuda a diminuir sensivelmente o stress, a solidão e a tristeza. Eles revigoram nossa capacidade de sentir amizade, compaixão e confiança.

Mel e pimenta

Para a nossa alegria, mel e pimenta temperam a dieta do bom humor. Segundo a nutróloga Valéria Goulart, de São Paulo, membro da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), a pimenta pode ser malagueta, vermelha ou de cheiro. Rica em capsaicina, substância que produz a endorfina, ela faz disparar nossa euforia. Já o mel é reconfortante. Mas o cardápio é bem mais completo. Na Inglaterra, o Food and Mood Institute chegou à conclusão de que leite, ovos, feijão, peixes, carnes, grão-de-bico e ervilha melhoram nosso ânimo. “São fontes de triptofano, aminoácido que forma a serotonina”, afirma a médica.

Magia do canto

Quer extravasar, lavar a alma? Cante! Segundo o musicoterapeuta Wanderley Alves Júnior, do Centro Benenzon, em São Paulo, quando cantamos todo nosso corpo entra em movimento. Coloque sua música preferida e solte a voz. “Isso vai descarregar a tensão, trazendo alívio e prazer”, diz. A música que transmite algo positivo é mesmo um santo remédio pode animar ou relaxar, melhorar a concentração e amenizar a dor. Estudos publicados pela Biblioteca Cochrane, entidade internacional que estuda a eficácia de  métodos terapêuticos,   revelaram que a musicoterapia pode ser eficaz no combate à depressão.

Casada e vitaminada

Existem muitos modos de viver um casamento feliz. Seja qual for o arranjo de cada casal, é possível que surja um ganho extra: maior longevidade. De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, os vínculos afetivos duradouros prolongam a vida. Segundo pesquisadores, os bem casados podem viver até dez anos mais do que os solteiros. A explicação é simples: a felicidade conjugal causa bem-estar. Menos stress, mais imunidade! Outras hipóteses estão em jogo: alguns cientistas acreditam que os acompanhados se cuidam mais e mantêm um estilo de vida menos propenso a riscos. Uma pessoa tende a pensar duas vezes antes de fazer loucuras quando tem um parceiro ou uma família esperando por ela em casa.

Cheia de lábia

A boa comunicação é a chave da harmonia nas relações amorosas, pessoais e profissionais, afirma a coach Iraceles Pires, psicóloga e membro da Sociedade Brasileira de Coaching. Diplomacia é o papel da boa conversa. Prepare-se para ela.
Seja oportuna
Um chefe num dia de cão, um marido assistindo futebol... Sempre leve em conta a disponibilidade antes de soltar o verbo.
A hora é agora?
Posicione-se diante da pessoa e olhe nos olhos: isso cria um vínculo, favorece a concentração. Assim fica mais fácil ser entendida.
Seja assertiva
Tente ser o mais clara e objetiva possível ao dizer o que sente e pensa.
Lembre-se:
o jogo inclui falar e ouvir os outros. O acordo vem de todos em quando as necessidades podem ser contempladas.
Evite julgar e cobrar
Expresse seu ponto de vista sem fazer acusações pessoais ou levantar  picuinhas do passado.
Se você for ofendida,
defenda-se, mas não como violência, pois isso alimenta o círculo infeliz. Suas aliadas nessa hora: transparência, calma e ética.
Pisou na bola?
Simplesmente peça desculpas e faça as reparações necessárias.
Acerte o tom
Sua meta é a harmonia. Então nada de rispidez, indiretas ou ironia.
Se estiver estressada,
adie o papo. Recolha-se  e busque seu equilíbrio interior.
Texto Déborah de Paula Souza e Melissa Diniz | Coordenação e edição online Gabriella Galvão | Edição online Amanda Figueiredo | Analista Danilo Rodrigues | Programação Reginaldo Lima

Autonomia financeira

A capacidade de criar e gerir os próprios recursos é fonte de autoconfiança e beneficia as relações. “Pessoas dependentes podem sentir insegurança, baixa autoestima, desprezo pelas conquistas alheias e ressentimento”, afirma a psicanalista Márcia Tolotti, de Caxias do Sul (RS), consultora econômica e autora do livro O Desafio da Independência Financeira e Afetiva(ed. Belas Letras). E atenção: autonomia não é comprar tudo, e sim ter liberdade para dizer não. Faça seus cálculos: de quanto precisa para ser dona do seu nariz? Planeje-se para chegar lá e não se boicote. Conselho final da Márcia: “Não use seu sucesso contra os homens nem desqualifique o parceiro. Não acredite que você não precisa dele. Você não precisa do dinheiro dele, e isso é ótimo. Mas a relação amorosa se constrói a dois”.


Aqui e agora

Em suas palestras sobre os benefícios da meditação, o guru gaúcho Satyaprem, discípulo do mestre indiano Osho desde a década de 1980, defende a ideia de que ser feliz é um projeto possível e, para realizá-lo, o caminho é muito simples: seja feliz agora.
Onde mora a felicidade? No presente, no mergulho interior, no encontro com seu verdadeiro eu, que não pode ser confundido com os sentidos, as ideias e as emoções. Não podemos explicá-lo por palavras, mas contemplá- lo no silêncio da meditação.
Pequenas alegrias nos levam até lá? Não, pois as emoções são passageiras. Elas estão presas à experiência sensorial, que pode ser muito positiva, mas sempre acaba. E, quando isso acontece, pulamos para o ponto oposto da balança: sentimos falta, carência, solidão, sofrimento. Mas, se você entra no campo de observação, se aprende a manter a mente no presente, sem se apegar demais às experiências positivas e negativas, deixa de querer controlar tudo. Vive simplesmente, sem julgar tanto o que sente. Isso evita as oscilações.
A felicidade é quente ou fria? Com o que ela se parece? Ao usar os sentidos para tentar decifrá-la, cada um poderá interpretá-la à sua maneira, achar que ela é de veludo azul, por exemplo. Para mim, a felicidade é perceber a dádiva de ser quem sou e estar onde estou e também que existe um milagre inerente à vida. É só prestar atenção.
Texto Déborah de Paula Souza e Melissa Diniz | Coordenação e edição online Gabriella Galvão | Edição online Amanda Figueiredo | Analista Danilo Rodrigues | Programação Reginaldo Lima

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